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Ethereum vive um cenário de supply squeeze: saldo em corretoras em mínima histórica, grande parte do supply travado em staking e DeFi e upgrade Fusaka fortalecendo a tese de uso. Entenda por que a falta de oferta pode pesar no preço do ETH se o macro ajudar.
Introdução: quando o problema não é só demanda, mas falta de ETH disponível
O papo do dia em Ethereum não é apenas “subiu X% ou caiu Y%”, mas sim como o supply está se comportando.
A fotografia atual é mais ou menos assim:
- Preço do ETH na região de US$ 3.130, com alta diária perto de 2% a 3% e algo como 10% de valorização na semana;
- saldo de ETH em corretoras caiu para algo em torno de 8,7% a 8,8% do supply total, a mínima histórica desde 2015, depois de uma queda de cerca de 43% desde julho;
- estimativas indicam que por volta de 40% de todo o ETH em circulação está travado em staking, DeFi e veículos institucionais;
- grandes players como a BitMine controlam cerca de 3,1% do supply e continuam acumulando, enquanto fundos fecham posições vendidas grandes em ETH, abrindo espaço narrativo para alta;
- no fundamento, o upgrade Fusaka entrou em produção no início de dezembro, reduzindo custos de dados para L2 e reforçando a tese de escala + DeFi em cima do Ethereum.
Resumindo em linguagem clara:
tem cada vez menos ETH solto no mercado, e uma parte relevante está trancada em usos de longo prazo. Se o macro deixar, essa combinação é perfeita para um supply squeeze um aperto de oferta que potencializa qualquer aumento de demanda.
Vamos destrinchar ponto a ponto.
1. O que é “supply squeeze” no contexto do Ethereum?
“Supply squeeze” (ou aperto de oferta) é quando:
- a quantidade de ativos disponíveis para venda imediata fica baixa;
- uma parte relevante do supply está travada ou indisponível (staking, smart contracts, produtos fechados);
- qualquer aumento de demanda gera um impacto desproporcional no preço, justamente porque não tem tanta gente assim querendo ou podendo vender.
No Ethereum, isso acontece hoje porque:
- muito ETH saiu das corretoras;
- muito ETH foi travado em staking (validadores), protocolos DeFi, restaking, LRTs, e produtos institucionais;
- grandes players de longo prazo vêm aumentando posição, em vez de despejar.
Na prática, o mercado de ETH está com uma liquidez “de superfície” menor do que o supply total sugere.
2. ETH cada vez mais raro nas corretoras
2.1. Mínima histórica de ETH em exchanges
O saldo de ETH em corretoras caiu para algo em torno de 8,7% a 8,8% do supply total, o menor percentual desde o início da vida da rede.
Isso significa que, de todo o ETH existente:
- menos de 1 em cada 10 ETH está disponível em exchanges para ser vendido rapidamente;
- o restante está distribuído entre carteiras próprias, contratos de staking, protocolos DeFi, L2s e outros usos.
A queda de aproximadamente 43% desde julho no saldo em corretoras reforça a leitura de que:
- a cada mês, mais ETH sai de ambientes de venda fácil;
- quem está comprando pessoas físicas, fundos, protocolos não está deixando o ativo “parado para trade”, mas sim travando em algum uso (yield, staking, liquidez, etc.).
2.2. Por que ETH fora de corretora importa tanto
Quando você tira ETH da exchange, você:
- reduz a probabilidade de vendê-lo impulsivamente;
- aumenta o tempo de reação necessário para realizar lucro ou prejuízo (precisa mandar de volta, pagar taxa, assinar transação).
Quanto mais ETH estiver:
- em carteiras frias,
- em contratos de staking,
- emprestado em DeFi,
- usado como colateral,
…mais difícil é ter um “muro de venda” grande aparecendo de repente no book.
Isso não quer dizer que o preço só pode subir macro ainda manda, mas significa que pressões de venda de curto prazo encontram menos liquidez disponível.
3. 40% do supply travado: staking, DeFi e produtos institucionais
3.1. O efeito do staking pós-merge
Desde o merge e da transição para Proof of Stake, o Ethereum permite que holders travem ETH em validadores, diretamente ou via soluções líquidas (LSTs, LRTs).
Hoje, estimativas apontam que cerca de 40% de todo o supply de ETH está travado em:
- staking direto (validadores próprios);
- pools de staking líquido (como LSTs e LRTs);
- protocolos DeFi que usam ETH como colateral;
- veículos institucionais e produtos estruturados que alocam em ETH.
Esse travamento tem dois efeitos:
- Reduz oferta circulante efetiva – o ETH não está à venda no mercado spot.
- Cria incentivos de longo prazo – quem trava geralmente está mirando yield e valorização futura, não trade intradiário.
3.2. DeFi, restaking e uso produtivo do ETH
Além do staking tradicional, o ETH hoje é “matéria-prima” em vários contextos:
- colateral em empréstimos DeFi;
- liquidez em AMMs (pools de DEX);
- participação em estratégias de restaking e liquid restaking;
- backing de produtos yield estruturados.
Isso converte ETH em um ativo produtivo, não apenas especulativo, o que:
- reduz o interesse de vender rápido;
- aumenta o incentivo a montar posições estruturadas;
- reforça a tese de que boa parte do supply está “preso” em usos economicamente interessantes.
4. Grandes players: BitMine comprando e fundos fechando shorts
4.1. BitMine como “MicroStrategy do ETH”
Enquanto o mercado discute Bitcoin em balanço, o Ethereum vive seu próprio movimento:
- a BitMine controla algo em torno de 3,1% do supply total de ETH;
- segue aumentando posição, mesmo em cenários de volatilidade;
- vende a tese de ETH como ativo de infraestrutura para DeFi e Web3.
Quando um player desse tamanho acumula:
- ele retira ETH de circulação em grandes quantidades;
- reforça a confiança de outros institucionais no ativo;
- ajuda a travar supply sob mãos de longo prazo, reduzindo a “flutuação” de curto prazo.
4.2. Short squeeze potencial em ETH
Além disso, há relatos de que fundos e desks de derivativos vêm fechando posições vendidas significativas em ETH:
- shorts grandes sendo encerrados aliviam a pressão vendedora;
- reduzem o risco de “mercado travado” na mão de quem aposta na queda;
- abrem espaço para narrativas de short squeeze em caso de alta mais forte.
Se o macro cooperar (Fed, bolsa, juros), um cenário de:
- supply limitado,
- grandes players comprados,
- menos shorts relevantes
pode amplificar qualquer movimento de alta.
5. Upgrade Fusaka: menos custo, mais uso, mais demanda potencial
5.1. O que é o Fusaka
O upgrade Fusaka do Ethereum, que entrou em produção no início de dezembro, foca em:
- reduzir o custo de dados para L2 (rollups, especialmente os baseados em rollups otimistas e ZK);
- melhorar a eficiência na publicação de dados on-chain, tornando transações L2 mais baratas;
- reforçar a visão do Ethereum como “camada de liquidação” para um ecossistema de L2s.
Na prática, isso:
- barateia transações em redes como Arbitrum, Optimism, Base, etc. (na medida em que elas otimizam o uso de dados);
- aumenta a atratividade de DeFi, games, infra e pagamentos construídos em cima do ETH;
- pode atrair mais usuários e desenvolvedores para o ecossistema.
5.2. Como o Fusaka conversa com o supply squeeze
Se o Fusaka cumpre a promessa de:
- aumentar uso real de L2 e DeFi em cima de Ethereum,
- sem inflar o supply (pelo contrário, com ETH ainda tendo dinâmica deflacionária em muitos períodos),
você combina:
- mais demanda de uso (taxas, DeFi, infra);
- com menos oferta disponível (staking + DeFi + cold storage).
É a receita perfeita para um supply squeeze estrutural, em que:
o problema do mercado não é “ninguém quer ETH”, e sim “não tem tanto ETH à venda nos níveis atuais”.
6. Leitura prática para o investidor e trader
6.1. Para quem pensa em longo prazo
Esse cenário favorece a tese de ETH como:
- ativo de infraestrutura (não só moeda de especulação);
- com oferta efetiva em queda nas corretoras;
- e uso crescente em aplicações financeiras e de dados.
Para o investidor de longo prazo, isso reforça a ideia de:
- montar posição de forma gradual (DCA, sem all-in);
- olhar para ETH não só como “número no gráfico”, mas como “pedaço da infraestrutura” da nova camada financeira.
Sempre lembrando:
- nada disso elimina o risco de queda forte em cenários de stress macro (alta de juros, recessão, fuga de risco);
- cripto continua sendo ativo de alto risco, que não substitui reserva de emergência.
6.2. Para o trader de curto prazo
Para quem opera curto prazo, o supply squeeze:
- não é gatilho de entrada sozinho, mas é contexto;
- ajuda a entender por que quedas encontram suporte mais rápido em alguns níveis;
- mostra por que, em ambientes de fluxo comprador forte, rompimentos podem ser violentos (falta vendedor).
Boa parte do jogo para o trader é:
- respeitar níveis de suporte/resistência;
- não ignorar o macro (Fed, juros, bolsa global);
- usar o supply squeeze como fator de pano de fundo, não como desculpa para comprar qualquer preço.
FAQ – Perguntas frequentes sobre o supply squeeze do Ethereum
1. Supply squeeze significa que o preço do ETH só pode subir?
Não. Supply squeeze significa oferta mais limitada, o que potencializa movimentos de alta se a demanda aumentar. Mas, em cenário de macro ruim (juros altos, aversão a risco, crise), o preço pode cair mesmo com pouca oferta nas corretoras.
2. É verdade que só 8,7 a 8,8% do ETH está em corretoras?
Os dados on-chain mais recentes apontam que o saldo de ETH em exchanges caiu para algo nessa faixa, a mínima histórica desde 2015. Isso inclui grandes corretoras centralizadas que são responsáveis pela maior parte da liquidez spot.
3. Ter 40% do supply travado em staking e DeFi é saudável?
Depende do ponto de vista:
- positivo: reduz oferta solta, fortalece o uso produtivo, melhora a segurança da rede (mais staking);
- risco: parte desse capital está em estruturas complexas, com riscos de contratos, protocolos e liquidez em momentos de stress.
Não é “bom” ou “ruim” por definição é uma característica que precisa ser entendida.
4. O upgrade Fusaka sozinho consegue disparar o preço do ETH?
Não necessariamente. Fusaka melhora capacidade e custo de uso da rede, o que é bullish no fundamento. Mas preço de curto prazo depende de:
- fluxo de capital;
- macro global;
- sentimento e ciclo de risco.
Ele é mais um pilar estrutural da tese, não um botão mágico de alta.
5. Vale a pena migrar todo meu portfólio para ETH por causa do supply squeeze?
Não. Mesmo com uma tese forte de supply squeeze, Ethereum continua sendo um ativo volátil e de risco elevado. Montar portfólio concentrado em um único ativo aumenta muito a chance de perda relevante. Diversificação, tamanho de posição e horizonte de tempo continuam sendo centrais.
Conclusão: Ethereum com cara de oferta travada mas dependente do macro
O quadro atual do ETH é claro:
- saldo em corretoras em mínima histórica;
- cerca de 40% do supply travado em staking, DeFi e veículos institucionais;
- grandes players como BitMine acumulando;
- upgrade Fusaka reforçando a tese de escala e uso real da rede.
Tudo isso dá ao Ethereum cara de ativo em supply squeeze estrutural ou seja, com oferta efetiva menor do que os números brutos sugerem.
Se o ambiente macro ajudar (juros em queda, bolsa forte, entrada de capital em risco), essa combinação pode ser combustível para movimentos de alta mais fortes do que a média.
Mas, como sempre em cripto, a frase final é a mesma:
entenda a tese, respeite o risco, e nunca aposte dinheiro que você não pode perder.
Se você quiser, no próximo passo posso transformar esse tema em:
- um carrossel tipo “Por que o Ethereum está ficando cada vez mais raro nas corretoras”,
- ou um roteiro de vídeo curto explicando o supply squeeze do ETH para iniciantes.



