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SEC pisando no freio: até onde vai a moda dos ETFs 3x e 5x super alavancados?

A SEC pausou a análise de novos ETFs ultra-alavancados (3x, 5x) e a ProShares retirou vários pedidos após cartas do regulador. Entenda como a regra 18f-4 limita a alavancagem, o que isso diz sobre o risco dos ETFs alavancados e por que isso importa para o investidor de varejo.


Nos últimos anos, ETFs alavancados viraram brinquedo preferido de parte do varejo global:
3x em tecnologia, 2x em cripto, 3x em small caps, single-stock alavancado em ações da moda.

Em 2025, porém, o clima mudou.

A SEC enviou cartas para pelo menos nove gestoras – incluindo Direxion, ProShares e GraniteShares – pedindo que elas revisassem ou retirassem pedidos de ETFs com alavancagem acima de 2x, alguns deles tentando chegar a 5x de exposição diária.

Poucos dias depois, a ProShares anunciou a retirada de vários desses pedidos, inclusive ETFs 3x ligados a ações de big techs e a criptoativos como Bitcoin, Ether, XRP e Solana, reconhecendo que esses produtos podem não se encaixar no padrão legal atual.

Neste artigo, vamos entender:

  • por que a SEC decidiu pisar no freio dos ETFs 3x e 5x;
  • o que a regra 18f-4 tem a ver com isso;
  • e o que a retirada dos ETFs 5x pela ProShares sinaliza sobre o limite de risco em produtos listados.

Sempre com foco em você, investidor brasileiro que acompanha o mercado global e usa ETFs como parte da carteira – seja para proteção, seja para exposição tática.


1. O movimento da SEC: pausa nos ETFs ultra-alavancados

1.1 Cartas para Direxion, ProShares, GraniteShares e outros

Em dezembro de 2025, a SEC decidiu pausar a revisão de novos ETFs altamente alavancados:

  • produtos que buscavam mais de 200% de exposição ao ativo de referência,
  • com propostas de 3x e até 5x de alavancagem diária,
  • em índices amplos, single-stocks e até cripto.

Segundo reportagens da Reuters e análises especializadas, o regulador:

  • enviou cartas quase idênticas a nove emissores, entre eles
    • Direxion,
    • ProShares,
    • GraniteShares;
  • citou preocupação com o nível de risco desses produtos para o varejo;
  • e apontou dúvidas sobre como os emissores estavam aplicando a regra de VaR da 18f-4.

Na prática, a mensagem foi:

“Com a regra atual, não está claro como ETFs 3x e 5x conseguem ficar dentro do limite de risco que a SEC exige.”


1.2 O problema da alavancagem acima de 2x sob a regra 18f-4

A Rule 18f-4, que rege o uso de derivativos por fundos registrados, define que:

  • o VaR (value-at-risk) do fundo não pode exceder 200% do VaR de um “designated reference portfolio”,
  • ou, no teste absoluto, 20% do valor do patrimônio líquido (25% para alguns fechados).

No caso de ETFs alavancados:

  • esse portfólio de referência deve ser o índice ou ativo subjacente real – por exemplo:
    • se o ETF é 3x Apple, o DRP é Apple;
    • se é 5x Bitcoin, o DRP é Bitcoin.

Quando você aplica essa lógica:

  • qualquer produto que mire acima de 2x tende a “estourar” o limite de 200% de VaR;
  • logo, 3x e 5x não passam no teste, pelo menos do jeito que foram propostos.

É por isso que artigos como o da ETF.com resumiram o recado da SEC em uma frase:

“A SEC disse não aos ETFs 5x.”


2. ProShares recuando: quando o regulador diz “chega”

2.1 A retirada dos pedidos de ETFs 3x–5x

Depois das cartas da SEC, a ProShares tomou uma decisão pragmática:

  • retirou pedidos de registro para uma série de ETFs ultra-alavancados,
  • incluindo fundos com 3x de exposição a ações de grandes empresas de tecnologia e
  • ETFs ligados a setores, países específicos e cripto (Bitcoin, Ether, XRP, Solana).

De acordo com a Reuters e outros veículos:

  • a gestora reconheceu, nos documentos, que os produtos podem não atender aos padrões legais vigentes,
  • e confirmou que nenhuma cota foi vendida sob esses arquivamentos.

Em outras palavras:

o regulador apertou, e uma das casas mais agressivas em ETFs alavancados preferiu recuar do que insistir.


2.2 O que essa retirada sinaliza sobre o “limite” do risco em bolsa

Esse recuo da ProShares manda um sinal importante para o mercado:

  1. Há um teto regulatório informal em 2x
    • a 18f-4 e a postura recente da SEC sugerem que acima de 2x a briga fica muito difícil;
    • o regulador não quer ETFs listados na NYSE ou Nasdaq funcionando como cassino 5x em single-stock ou cripto.
  2. Produtos ultra-alavancados viram exceção, não regra
    • alguns ETFs antigos acima de 2x continuam existindo sob exceções de transição;
    • mas a porta para novos 3x/5x está praticamente fechada.
  3. Varejo não é o alvo ideal para alavancagem extrema
    • a SEC deixa claro que a combinação
      • ETF listado,
      • acesso fácil via corretoras,
      • e alavancagem de 3x–5x
        é explosiva para investidor pessoa física.

3. Risco real: o que acontece com ETFs alavancados na prática

3.1 Ganhos rápidos, perdas ainda mais rápidas

Os ETFs alavancados são construídos para multiplicar o retorno diário do ativo de referência – não o retorno de longo prazo.

Exemplo de 2025 citado em reportagens:

  • ProShares UltraPro QQQ (TQQQ), 3x Nasdaq, chegou a subir perto de 40% no ano, surfando o rali de tech;
  • enquanto alguns ETFs 2x ligados a ações altamente voláteis (como MicroStrategy, Super Micro ou cannabis) sofreram quedas de 60% a 80%, praticamente zerando para quem entrou fora de timing.

O mesmo vale para cripto:

  • um 3x Bitcoin em período de alta pode parecer irresistível;
  • mas em ciclos de correção forte, drawdowns de 70%–90% não são incomuns ao longo do tempo.

3.2 Efeito de composição: por que 3x não é “3x no ano”

Outro ponto pouco entendido por iniciantes é o efeito de composição diária:

  • o ETF recalibra a alavancagem todo dia;
  • isso faz com que, em períodos voláteis, o resultado acumulado se afaste bastante do “multiplicador” teórico.

Em cenários de ziguezague (sobe forte, cai forte, sobe de novo…), o ETF alavancado pode:

  • performar bem pior do que 2x ou 3x do índice no horizonte de meses/anos;
  • às vezes, até perder dinheiro num cenário em que o índice terminou levemente positivo.

É por isso que muitos ETFs alavancados têm histórico de:

  • fechamento precoce,
  • pouco patrimônio,
  • e uma base de investidores concentrada em traders táticos, não investidores de longo prazo.

4. O que isso significa para você, investidor brasileiro que olha para ETFs alavancados

4.1 Não confundir ferramenta tática com “investimento padrão”

O recado da SEC é claro – e vale como aviso educativo:

  • ETFs alavancados não foram feitos para ser “feijão com arroz” da carteira;
  • são ferramentas táticas, para operações de curto prazo, com
    • alta tolerância a risco,
    • acompanhamento constante
    • e disciplina de saída.

Se você usa ETF alavancado como:

  • base de aposentadoria,
  • reserva de emergência,
  • ou principal veículo de exposição a uma classe de ativos,

você está, na prática, longe do uso que até o regulador considera minimamente razoável.


4.2 2x já é muito – e acima disso virou no go regulatório

Do ponto de vista prático:

  • o universo de ETFs listados tende a ficar limitado a até 2x de alavancagem nova,
  • com poucas exceções herdadas do passado em 3x,
  • e praticamente nada novo em 5x.

Para o investidor brasileiro, isso significa:

  • se você vê muita propaganda de produto 3x/5x recém-lançado lá fora, desconfie;
  • pode ser veículo não listado em bolsa grande, wrapper diferente (como produtos OTC)
    ou algo que ainda vai enfrentar resistência regulatória.

Em qualquer cenário, o risco continua sendo perder tudo muito rápido se você estiver alavancado na direção errada.


FAQ – SEC, ETFs alavancados e o que muda com a pausa nos 3x/5x

1. A SEC proibiu todos os ETFs 3x?

Não.
O que a SEC fez foi:

  • pausar a revisão de novos ETFs com alavancagem acima de 2x;
  • mandar cartas a emissores pedindo revisão ou retirada de pedidos;

Alguns ETFs 3x antigos continuam existindo sob regras de transição da 18f-4. O alvo principal são novos produtos ultra-alavancados, especialmente single-stock e cripto.


2. O que é a regra 18f-4 e por que ela trava ETFs 3x/5x?

A Rule 18f-4 define, entre outras coisas, um limite de VaR:

  • o VaR do fundo não pode ultrapassar 200% do VaR de um portfólio de referência (índice ou carteira sem derivativos);
  • ou 20% do patrimônio, no teste absoluto.

Como, para ETFs alavancados, o portfólio de referência deve ser o ativo real (Apple, Bitcoin, S&P), produtos acima de 2x quase sempre estouram esse limite – por isso a SEC questiona a compatibilidade de 3x/5x com a norma.


3. Por que a ProShares retirou pedidos de ETFs alavancados?

Após receber cartas da SEC pedindo esclarecimentos e sugerindo que os produtos poderiam não ser aprovados, a ProShares:

  • retirou alguns arquivos de registro de ETFs 3x–5x,
  • incluindo fundos ligados a big techs e a cripto (BTC, ETH, XRP, SOL);
  • e reconheceu que esses produtos poderiam não atender ao padrão regulatório atual.

É um movimento típico de gestor que prefere não entrar em confronto direto com o regulador.


4. Ainda vale a pena estudar ETFs alavancados?

Depende do seu perfil:

  • se você é iniciante ou está montando patrimonial de longo prazo,
    não faz sentido começar por aí – o foco deveria ser em ETFs tradicionais (índices amplos, setores, fatoriais, renda fixa, etc.);
  • se você é trader experiente, com estratégia clara e gestão de risco afiada,
    ETFs alavancados podem ser instrumento tático,
    mas nunca o núcleo da carteira.

Em todos os casos, lembre-se:

alavancagem multiplica prejuízo tão rápido quanto multiplica ganho.


5. Isso afeta ETFs listados no Brasil?

Diretamente, não – a CVM tem sua própria regulação e o mercado brasileiro ainda engatinha em ETFs alavancados mais agressivos.

Indiretamente, sim:

  • muitas corretoras brasileiras oferecem acesso a ETFs globais;
  • a postura da SEC tende a influenciar padrões globais de produto;
  • e a discussão sobre risco para o varejo chega aqui mais cedo ou mais tarde.

Se você usa ETFs gringos via BDR ou conta internacional, entender esse contexto é fundamental.


Conclusão: alavancagem tem dono – e não é o investidor desavisado

A Dupla 4 mostra uma mudança importante de clima:

  • Tema 1: a SEC pausando a análise de novos ETFs ultra-alavancados, citando a regra 18f-4 e o limite de 200% de VaR;
  • Tema 2: a ProShares recuando e retirando pedidos de ETFs 3x–5x, inclusive ligados a cripto, sinalizando que o “modo turbo” em produto listado tem limite.

Para você, investidor/trader, a mensagem é bem simples:

  • ETFs alavancados não são brinquedo de iniciante;
  • 2x já é agressivo – acima disso, o próprio regulador está dizendo “chega”;
  • o uso responsável passa por
    • tamanho de posição pequeno,
    • horizonte curto,
    • e total consciência de que a perda pode ser rápida e profunda.

Gustavo Bitencourt

Escritor

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